quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Buscando Novidades

Mercenary

The Hours That Remain

Eu decidi por mais alguns sons aqui no blog. Jogar pra fora algumas das coisas que eu mais gosto que é garimpar bandas envolta do mundo e ver os estilos diferentes que a TV não nos permite conhecer, e pra quem é do mundo do alternativo e metal vale e é muito bom atualizar e aumentar os sons na lista do Winamp/WMP.

Formada em 1991 e gravando seu primeiro CD completo em 1998 Mercenary é uma das bandas que mais me impressionou nos meus anos de cara que procura sons em tudo que é canto. Um estilo bem diferente do habitual e com muitas distorções e efeitos sonoros passando longe do New Metal. O que alivia as almas dos assíduos da Old School. O vocalista Mikkel Sandager tem em praticamente todas as músicas um efeito que deixa a sensação de ter dois vocalistas, além dos guturais delicadamente rasgados (se é que isso é possível), as distorções das guitarras tem um peso diferente, e com os riffs únicos e extremamente criativos dessa banda dinamarquesa eu me vi num papel bem complexo na hora de definir o som deles, mas acho que cheguei a algo palatável. Mercenary seria uma banda de ProgPower metal com uma grande inclinação pro Trash.

Os refrões quase sempre são muito melodiosos fazendo com que de primeira o pensamento vá ao comercial, mas com um som realmente diferente deles, impossível ser levada a sério essa hipótese. Entre solos, vocais, teclados, bateria e baixo, todos tem papel fundamental e de grande qualidade. Vale a pena perder 5 minutos.

Vou por duas músicas pra escutar aqui. A primeira “Times Without Changes” é calma e extremamente melodiosa, vou por para os ouvidos destreinados do Metal, até porque é de outro CD “11 Dreams”. A segunda é a minha favorita do “The Hours That Remain” que não tem músicas ‘lights’. “Obscure Indiscretion”.

Times Without Changes


Obscure Indiscretion


Baixe Aqui -> http://www.4shared.com/file/83069038/6449e286/Mercenary.html?s=1

terça-feira, 22 de setembro de 2009

As Ondas Dos Passos



Passos. Um a um passos são dados e marcados na areia. Um olhar navega no horizonte sobre as cabeças de quem desfruta a visão do nascer do sol e de vez em quando perde-se no infinito do mar. Um ser trafega sozinho marcando o seu caminho na areia fofa. Areia essa que faz papel de livro e registra esses passos. Passos que pela distância de um para o outro nos dizem a velocidade da pessoa que os construía. A nitidez nos fala da pressa, e a continuidade nos informa o humor desse contador de histórias.

“Apenas um par de passos, uma só pessoa. Não distantes um do outro, alguém ali apenas caminhava. Passos nítidos, que significam caminhar robusto, marcado, lento. Nenhum tipo de descompasso. Passos pensativos.”

A pessoa para. Vira-se, vê seus próprios passos, seu caminho, sua memória, admira a jornada. Marcado no solo fica gravada a prova de que ele passou por ali. E não apenas passou, deixou a sua marca, a sua identidade, o seu caminhar. E a areia tem em si a imagem de quem naquele local deixou um pouco do próprio ser.

Admirando o seu caminho ele nota um vento forte vindo do oceano. Ao longe uma onda de tamanho maior se aproxima, e com a força mais intensa que a marcação dos seus passos, a mesma onda chega e apaga a história já vivida até onde a vista alcança. E ali, onde os dois pés se encontram a água não consegue se aproximar.

Olhando a sua história sendo apagada, resta não deixar os olhos sentirem o que sobrou da destruição, e dirige-se pra longe da areia, longe do oceano pra esquecer do que acabou de viver. O mar com suas ondas desmarca e retira a gravação de sua “pele”, e fica apenas aqueles que mostram um único par de passos indo para longe.

“Apenas um par de passos, uma só pessoa. Parados lado a lado tangenciando o mar. Um giro em direção ao longe do oceano e afastam-se da praia”. - Alguém aqui desistiu de caminhar.

A vida faz uma coisa absolutamente lógica no tempo que ela nos permite ter. A vida nos obriga a viver. E por viver, nós nos obrigamos a vivenciar situações, fatos, acontecimentos. A vida nos obriga a fazermos e construirmos história. Essas histórias que nós criamos a partir de nossas oportunidades nos dão o sentido da vida. Essas histórias nos fazem sentir.

O que mais se escuta durante algo de ruim, ou que não deu certo durante a vida são coisas como “esquece cara”. Esquecer... É totalmente sem nexo algo que aconteceu e durou um certo período de tempo ter motivos suficientes pra ser esquecido.

Entre pessoas e suas relações em que o fim é corrosivo, a tentativa de se esquecer está em 9 de cada 10 situações. É óbvio que ninguém consegue esquecer 100% de alguma coisa. Mas quando a dor é grande a probabilidade é de se esquecer 100% do que já fez bem a um desses lados atingindo um dos indivíduos dessas relações é muito grande.

Apagam-se histórias. Apagam-se as próprias histórias pelo medo da dor, pela obrigação interna de não se permitir sentir o sofrimento que acaba mudando as imagens e desfigurando essa mesma história.

As sensações guardadas no inconsciente da lembrança também mudam, prejudicando e destorcendo o verdadeiro e primeiro traçado dos sentimentos que tinham ali sido arquivados no início. A facilidade do ato de se esquecer suprime a dificuldade do sentimento da dor e de perda. Por um lado o que parece bom reprime todo o sentido que fazia o nascimento dessa história.

A vida nos obriga a termos histórias, e não se pode deixar a onda apagar, e se assim acontecer, já que ondas não se controlam, não deve-se desistir de lembrar os verdadeiros passos que um dia por medo o oceano resolveu apagar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Do Extremo Ao Equilíbrio


Alterações estranhas que acontecem na vida. Modificações de padrões, troca de traçados, configurações da mente que se desmancham no decorrer dos dias passados. Idéias concretas que com a mais fatal das bombas, o tempo, desmoronam como prédios na implosão.

Os extremos como a própria definição os explica, são ápices do equilíbrio.

Desde sempre, desde o momento em que temos o sentido de pensar disposto a funcionar em nossas cabeças, começamos a questionar, interpretar e idealizar situações e acontecimentos a nossa volta. Factual. Idéias são formuladas, teorias traçadas e essas coalizões de pensamentos formam o caráter de cada um baseado nas suas visões e construção das mesmas.

As pessoas a nossa volta desde o início vão ajudando e guiando essa formulação, e nesse caminho começamos a acreditar e a defender certas coisas. Começamos todos nós a criar nossos certos e errados. E junto com as defesas criamos também, dependendo agora sim do caráter, o ataque.

Nessa mesma linha, a defesa também por si só tem às vezes formatos de ataque. Ofensivas, com ar de superioridade, deteriorantes, intimidadoras e até muitas vezes extremamente rotuladoras.

A evolução fez com que a nossa mente tivesse a capacidade de solucionar problemas. Receber, analisar, processar e concluir situações para determinada funcionalidade. Como: Faísca mais Madeira seca é igual a fogo. E logo após: Fogo igual a calor. E finalmente: Fogo mais Calor é igual à pessoa sem frio.

A falta de problemas simples como esses e hoje o acúmulo de idéias fez nascer um novo tipo de problemas para solucionar. O problema das idéias. Criando as odiosas ideologias.

Falo odioso, pois toda ideologia leva a um vício de defesa da mesma, criando um catalisador para o desabrochar de caráteres predispostos a usar da violência como meio de comunicação.

Essas ideologias criam idéias monolíticas e com pareceres inicialmente e de modo magnífico: Irrefutáveis. Criam viseiras, fazem com que nós dexemos de ver outras significâncias pelo ceguismo que nos impõem. Diminuem nossa capacidade de analise, minimizam nossa criatividade, aumentam nosso foco a apenas uma coisa, e o “resto” vira apenas a definição da palavra. Apenas resto. Como pérolas no interior de uma ostra a ideologia que nos descrever faz com que nós desprezemos a evolução.

Nós nos fechamos a uma única idéia, nos vinculamos emocionalmente a ela e sem notar a mesma deixa de ser uma idéia, vira um sentimento e destrói nossa capacidade de crescer e interpretar. E assim, a beleza de todo intervalo é deixada pra traz pela ilusão de um dos seus ápices, um dos seus extremos.

A mudança de idéia não é um a prova de um erro individual. E sim a soma de uma nova informação ou variável a um problema que parecia estar resolvido. E quanto mais abertos estamos, mais informações coletamos, e mais próximos de algo parecido com o certo chegamos.

Não existe algo totalmente correto em relação a idéias sobre a vida. Não há certeza. Os extremos são apenas sentimentos em forma de pronome como se fossem pessoas com medo do erro. O extremo é uma segurança a algo impossível. O extremo é uma certeza de algo que não existe, é o medo da dúvida, é a facilidade do imóvel e finalmente. O extremo é o sedentarismo da mente.

As respostas não estão nos extremos, os extremos são os primeiros passos para começar a procurar o caminho da resposta. Nunca deve ter medo do erro e do desconhecido. São eles que fazem-nos acertar e conhecer.

Ninguém vive uma idéia, todos vivem uma vida. E só uma vez.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Passar da Noite

Inquieto, silêncio. No teto as pás do ventilador giram lentamente não parecendo haver qualquer formação de vento.

As paredes brancas somem e ocultam-se na escuridão do quarto, mesmo com os olhos abertos, a sensação de escuridão e da noite consomem o olhar vago e perdido que se acolhe na calma da paz distorcida e confusa. A luz da mesma noite escura entra aos poucos pela janela aberta. A pupila se expande na velocidade tétrica do incompreendido. O vento que não vem do teto entra suave pela abertura da janela, como se estivesse à procura de algo ou alguém.

Esgueirando-se pelos vértices do quarto a brisa encontra um corpo deitado e estirado na maciês do colchão sobre a cama. Como milhões de mãos leves e aveludadas o vento assume o seu papel mais importante e mergulha aquele mesmo corpo antes inquieto no aconchego da temperatura ideal.

Sente-se no peito, no rosto, nas pernas, nos braços a brisa dando o seu sinal de satisfação. Os olhos se fecham, e a noção é perdida. As paredes de concreto, imóveis parecem agora se distanciar, o quarto se transforma em um vórtice onde o corpo encontra-se sobre um buraco negro.

Com os olhos enxergando sob as pálpebras vêem-se as cores e imagens mais completas do momento. O corpo solto, sem a necessidade de movimento, a sensação dos músculos deixaram de existir, e perderem a sua função junto com os olhos que agora se voltam para dentro da mente procurando os porquês e clareando os pensamentos.

O barulho das mesmas pás que inutilmente se esforçam para criar vento dão o ritmo dos segundos que lentamente passam, destruindo quase que completamente a física do tempo.

Por fora a imobilidade do corpo molda a cena equivocada da paz, e por dentro quem sabe pela mesma imobilidade a mente corre, grita, cria, xinga e ri na velocidade incontrolável do pensamento.

Não se sente mais o vento, não se tem mais a pressão do conforto da cama, perde-se a noção de espaço. A noite não parece passar, junto com o tempo que é totalmente esquecido e sua definição completamente enganada pela falta de importância que demonstra ter. Mas mesmo não se notando, o tempo não se vence e com o próprio nome algo o faz ser sentido.

Agora as pálpebras parecem segurar o peso de todas as partes do corpo junto com as paredes do quarto. Arrepios aleatórios vindos dos espasmos de emoção da mente fazem-se lembrar que ainda existem músculos para sentir.

O peso aumenta, a membrana que protege o olho já ínsita a sensação de estar agüentando uma casa inteira em chamas, um cansaço toma conta da mente, e não se entende muito bem o porque. Os sentidos começam a voltar, e a brisa novamente é notada acariciando o corpo e somente agora lembra-se que os membros ainda estão ainda ali, com a necessidade de movimento. Uma leve mexida na perna e senti-se o lençol.

Os olhos desistem e abrem. Rapidamente a pupila contrai-se automaticamente fazendo-nos deixas os mesmo entreabertos. A luz invade o ambiente. O sol já nascido obrigatoriamente cria a surpresa e explica a sensação de chamas. O corpo todo renasce e espreguiça-se como se tivesse passado por uma ótima noite de descanso. Ao contrario da mente que vagou a noite inteira nas entranhas dos pensamentos.

O branco novamente tem o seu ar da combinação das cores dando a sensação normal de paz, a confusão da escuridão se desfaz na clareza do dia. O gracejo do assoviar dos pássaros repentinamente se faz presente, e a alegria do céu azul acalma o ambiente.

Súbitamente as idéias se recolhem e os traços do corpo agem. A mente vai descansar do sono inexistente.