terça-feira, 1 de maio de 2012

Detalhes...




Detalhes,… São apenas detalhes…

O dia certo, o momento exato, à hora perfeita para se sair de um carro, para se pegar um taxi, para se sair de casa. Nada mais do que isso. São coincidências que vão transformar um “oi” em um momento antológico e épico de tirar o fôlego, de chover no deserto, de voar sem asas, de se descobrir o tudo.

O olhar pra trás rasgando o orgulho como se fosse um pedaço de papel. Um “chutar o balde” e ir buscar o seu momento, um “não vai embora”, um “eu te amo”, na chuva contra o mundo e principalmente: Contra a lógica. Um beijo completamente apaixonado ao sabor de lágrimas de alegria confusa.

Detalhes, meros detalhes...

Coincidências que nos guiam e moldam nossas vidas as marés do acaso.

Encontros malucos, rotas erradas, dias trocados. Erros que viram acertos assim como acertos que viram erros. A total incompreensão da falta de controle dos nossos desejos e caminhos.

Surpresa...

Corpos ao longe, além da multidão, com os olhos se cruzando, focando um ao outro entre personagens coadjuvantes que passam sobre os sorrisos que devagar vão se moldando no rosto através do não imaginado encontro.

5 minutos a mais, 5 minutos a menos, “Hoje vou ficar em casa”.

Nós nunca sabemos quando vamos protagonizar os melhores e mais intensos momentos das nossas vidas...
Detalhes em surpresas que passam como uma imagem de um rosto alegre sem motivos em meio à multidão, misturando-se a outras histórias não compreendidas...

Somos tudo que não sabemos que seremos... Somos e estamos no início do melhor filme sobre as nossas vidas... O controle dos fatos é irresistivelmente mera fantasia.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

"Me deixe sentir o Vento"


A pura desnecessidade do cotidiano é confusa demais para se aproveitar a lentidão do vento.

O encontro das oposições enigmáticas do natural com o artifício social gera uma visão quase que cinematográfica do movimento orgânico e monolítico da falta de vida. Mesmo intrínseco ao oceano social e cultural ao qual somos obrigatoriamente diluídos como açúcar no café, o tempo ocioso nos permite, para alguns pela primeira vez, ou para outros novamente, ver o movimento de absolutamente tudo que fica ao alcance dos ângulos possíveis buscados por nossos globos oculares.

Venho a dizer que o puro movimentar das folhas chocando-se umas nas outras se assemelham a formulas-1 quando nós como pessoas encontramo-nos estagnados no completo vazio e magicamente extasiante seguimento do tempo.

Os olhos bem treinados que trocam a imutável constante do tempo pela variável da mesma fazem surgir bem ali a sua frente um filme de milhões de anos ser entregue aos seus olhos em meros segundos, fazendo com que os questionamentos do ser como pessoa sejam tão vagos quanto pensamentos de uma rocha para com sua existência.

O mundo é o que é e exatamente por isso está ali, ele está ali apenas por estar e ficará ali unicamente por ficar. Sem mais, sem menos, sem “poréns” e opinião. Assim que é... E assim será.

Um momento singular em que o nosso natural volta a fazer parte do mundo sem necessidade de sentido ou de ação, sem obrigatoriedade de horários, pressa ou inquietação. Nós estamos ali e isso é tudo.

A construção afortunada de segundos inúteis para a sociedade. Momentos deliciosos de incalculável produtividade para a mente.



“Feche meus olhos, me deixe sentir o vento, só um pouquinho.”