sexta-feira, 27 de abril de 2012

"Me deixe sentir o Vento"


A pura desnecessidade do cotidiano é confusa demais para se aproveitar a lentidão do vento.

O encontro das oposições enigmáticas do natural com o artifício social gera uma visão quase que cinematográfica do movimento orgânico e monolítico da falta de vida. Mesmo intrínseco ao oceano social e cultural ao qual somos obrigatoriamente diluídos como açúcar no café, o tempo ocioso nos permite, para alguns pela primeira vez, ou para outros novamente, ver o movimento de absolutamente tudo que fica ao alcance dos ângulos possíveis buscados por nossos globos oculares.

Venho a dizer que o puro movimentar das folhas chocando-se umas nas outras se assemelham a formulas-1 quando nós como pessoas encontramo-nos estagnados no completo vazio e magicamente extasiante seguimento do tempo.

Os olhos bem treinados que trocam a imutável constante do tempo pela variável da mesma fazem surgir bem ali a sua frente um filme de milhões de anos ser entregue aos seus olhos em meros segundos, fazendo com que os questionamentos do ser como pessoa sejam tão vagos quanto pensamentos de uma rocha para com sua existência.

O mundo é o que é e exatamente por isso está ali, ele está ali apenas por estar e ficará ali unicamente por ficar. Sem mais, sem menos, sem “poréns” e opinião. Assim que é... E assim será.

Um momento singular em que o nosso natural volta a fazer parte do mundo sem necessidade de sentido ou de ação, sem obrigatoriedade de horários, pressa ou inquietação. Nós estamos ali e isso é tudo.

A construção afortunada de segundos inúteis para a sociedade. Momentos deliciosos de incalculável produtividade para a mente.



“Feche meus olhos, me deixe sentir o vento, só um pouquinho.”





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