domingo, 16 de agosto de 2009

Calor Congelante

33ºC em pleno inverno em Porto Alegre. Tão anormal quanto esse estranho fim de semana.

Admito que eu andava meio com saudade do calor do verão, mas chega, matei ela e já quero meu frio de volta.

Todo clima do calor me lembra ou me faz sentir a degradação. Pessoas suadas, colando, procurando sombra, ar seco, um vento com gosto de férias em pleno agosto da nossa nova estação. A estação da Gripe A. O calor traz aquela sensação de liberdade que em pleno inverno não passa de sensação mesmo, ainda mais com os dias letivos de aula voltando em cena.

Um dia quente e eu me lembrei porque eu gosto tanto do inverno. Não sei quanto ao mundo, mas esse calor em cidade grande me lembra sujeira. Suados se tocando e fedendo caminhando sobre uma rua asfaltada fervendo e cheia de poeira e areia, de 10 em 10 minutos da vontade de lava a mão, e tu tem nojo de deita na tua própria cama, pois é ali que tu vai dormir né? E pelo menos o local de retiro da mente tem que estar limpo.

O verão junto com o calor normalmente realça o sentimento de alegria, inconscientemente as pessoas lembram de praia, de férias, de mar, de se refrescar numa piscina bebendo uma cerveja. Mas normalmente isso não acontece, e se tratando de agosto, não acontece mesmo.

Agora, estranhamente, mesmo eu não gostando de calor, também tenho essas lembranças e pensamentos automáticos sobre praia, férias e todo esse blá blá blá. Mas comigo não nota-se o sentimento de alegria, nem mesmo a intenção de se estar feliz. O calor joga e rasga o mundo com as suas verdades. Seres maltrapilhos, desarrumados, desajeitados e desengonçados saem da proteção contra o frio para a liberdade do calor fazendo eu me lembrar em que tipo de lugar nós vivemos. O calor além da sujeira física traz as verdades que o frio nos esconde. O calor desmonta e apodrece a aura do ambiente, traz a ignorância para o meio das ruas, cria igualdade de ir e vir e mostra a veracidade e a fatalidade do local onde estamos. O calor diz para nós que os fracos também têm vez, e mostra a sujeira e a incompetência social e administrativa que o frio esconde. O calor me deprime.




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